Primeiro o Mac, depois o mundo
Vencedora do Video Music Brasil na categoria Música Eletrônica,
a banda virtual Golden Shower criou um dos clipes mais baixados
da Internet brasileira. Agora eles lanéaram um site maneiro e preparam-se
para dominar o mundo com armas de 32 x 32 pixels. A Macmania revela
aqui sua história e seus planos, em primeiríssima mão.
Maio. 1997. Primavera na cidade de Saarbrücken, próxima a Luxemburgo.
Nós, Markus Karlus e Kevin Rodgers, estudávamos música erudita.
Na procura de aparelhos antigos para ajudar-nos a sonorizar a maior
música serial electro-eletrônica do mundo, encontramos um velho
e limpo Mac 128k. Sim! O primeiro Macintosh da história! Alí. Bem
na nossa frente. Encaixamos o disquete para rodar o sistema (o Mac
só tinha RAM, não tinha HD) e nesse instante, mal sabíamos nós,
nossa vida mudou completamente: dentro do 128k hospedava-se um vírus,
criado nos anos 80, e hibernando desde 1989 que nos dominou. Para
o vírus, o mundo era outro e, em troca de material para conseguirmos
fazer a nossa música serial, ele nos obrigou a ajudá-lo a transformar
o mundo como era na década de 80. Seu nome? GOLDEN SHOWER. Obviamente,
um vírus que se preze, inteligente como ele só, poderia apenas escolher
uma ferramenta para a dominaéão mundial: o Macintosh. Nasce então
o Projecto GOLDEN SHOWER.
A música
Todas as composiéões da banda são feitas primeiramente em instrumentos
acústicos. Violão, guitarra, baixo. Procuramos então encontrar sonoridades
próximas às pérolas dos anos 80: muitos teclados luxuosos, baterias
eletrônicas, sonzinhos... tudo bem low-tech. Conseguimos esses sons
de sintetizadores de verdade (como o nosso Roland GR-30) ou emuladores
rodando no Mac como, por exemplo, o Steinberg ReBirth. Gravamos
os sons no Logic Audio, usando a própria placade áudio do G4 Dual
450 (não usamos hardware extra). Passamos, então, para a construéão
digital das músicas. Fazemos os loops, processamos alguns sons passando
por filtros de áudio, como os VST, ou programas como o Arboretum.
Tudo sempre é som, áudio gravado no HD. Não usamos MIDI. Daí a necessidade
de bastante espaéo de disco. Temos 60 Gb para isso. Sampleamos também
muito material de TV, vídeo; usamos também CDs de samples. Sempre
com o objetivo de citar a década de 80, não só musicalmente como
culturalmente. Tudo mixado no Logic, vira MP3 e vai pra Net. Não
temos CDs. Somos uma banda virtual. Essa descriéão que fizemos acima
não é necessariamente uma regra, embora seja a maneira mais comum
de montarmos nossas músicas. Existe, por exemplo, uma "famosa" exceéão:
a música "Video Computer System" é feita inteiramente com
sons de Atari. Nada foi emulado. Gravamos todos os sons de um legítimo
Atari 2600, com um microfone apontado pra TV. Passamos tudo pro
Mac (na época um 8100 rodando Deck II 2.6) pra montar a música e
separamos os sons com características semelhantes: os percussivos,
os "climáticos", os que pareciam baixo, os que poderiam virar um
"sax" e por aí foi.
O Clipe
Sempre achamos, desde que a compusemos em 97, que essa música tinha
um forte apelo visual. Queríamos fazer um clipe com ela. No comeéo
do ano conhecemos o pessoal da produtora de vídeo Lobo (que já apareceu
inclusive nesta seéão da Macmania; eles só usam Mac também!) e propusemos
timidamente a criaéão do clipe da música. E os loucos aceitaram!
Ouvimos a "Video Computer System" inúmeras vezes, imaginando que
cenas se encaixariam em cada parte da música. Fizemos um storyboard
e comeéamos o extenso trabalho de pesquisa visual. Munidos de um
Mac com o emulador de Atari, o Stella, os diretores do clipe - Carlos
Bêla, Guilherme Marcondes, Mateus de Paula Santos e Mario Sader
- jogaram quase 500 jogos analisando (sei...) formas, cenários,
cores e movimentos. Tudo então foi construído no Photoshop, sempre
desenhando-se as figuras artesanalmente, pixel a pixel, pra dar
a devida cara low-tech ao clipe. Depois montamos tudo no After Effects,
animando e editando as recriaéões. A parte 3D do clip foi feita
numa SGI rodando o Maya. Tudo renderizado em QuickTime, fizemos
um versão para dar saída em uma beta e mandar pra MTV, e outra versão
menor para botar no nosso site. Esse processo todo levou duas semanas,
sendo os último quatro dias totalmente insanos, quase sem dormir,
à base de guaraná com catuaba e café. Muito café.
Da MTV veio a primeira surpresa: fomos selecionados pra concorrer
ao Video Music Brasil 2000 na categoria Música Eletrônica.
E não é que, totalmente sem divulgaéão, a audiência da MTV adorou
e votou tanto em nós que ganhamos o prêmio?
Enquanto isso, na Internet...
A citada versão QuickTime reduzida comeéou a se espalhar de tal
maneira pela net que a ótima revista eletrônica Heavy.com (cujo
co-CEO é David Carson, o famoso artista gráfico) nos elegeu como
uma das cinco maiores pragas na Internet atualmente. Isso apesar
do site da banda na época ter apenas duas páginas: a entrada e o
clipe. Hoje, finalmente, depois de mais de meio ano prometendo,
o GOLDEN SHOWER tem um site decente. Feito pelo designer Carlos
Bêla, o Projecto GOLDEN SHOWER Online foi criado no FreeHand,
com ilustraéões preparadas no Photoshop como se fossem ícones de
Mac. Depois, passamos pro ImageReady pra fazer os GIFs e gerar o
HTML; montando o site no Dreamweaver: voilá! No nosso endereéo você
poderá saber mais sobre a banda, conhecer nossas músicas, baixar
o clipe, pegar desktop pictures e muito mais.
é importante ressaltar que tudo é feito em Mac porque realmente
acreditamos que essa é a melhor e mais simpática plataforma de computador
do planeta. No que depender de nós, Macintosh forever! é isso!
GOLDEN SHOWER
goldenshower@goldenshower.gs
http://www.goldenshower.gs/
que apesar de fazer tudo em Mac, escreveu esta matéria num Palm
Vx.
Apple? Cadê o handheld da Apple?
Lobo Filmes: http://www.lobo.cx
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